CAT ON THE TRACKS

He wore the night in his fur, sat on a rung
between the rails, tail wisping like smoke

as a distant train split the air along its seam.
Its coming headlight laid down track

and placed an opal into each black seed
of the cat's eyes, every blink slow as an eclipse.

Soon the white light pinned him, the only drop
of night left as vibration turned the rails to mercury.

But there was no give in the cat, no flex anywhere
but his tail. And for a moment their roles reversed,

as though it were the train facing the inevitable cat,
the end of the line. The world lit up like a page

and the train a sentence before the full-stop.

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UM GATO NA LINHA DO COMBÓIO

O pêlo veste-o de noite, sentado numa travessa
entre carris, a cauda esbate-se como fumo

tal como o distante combóio divide o ar ao longo da sua passagem.
Aproxima-se com o farol apontado à linha

e coloca uma opala em cada semente negra
dos olhos do gato, a piscarem lentos como um eclipse.

Súbito a luz branca foca-o, única gota
perdida na noite como a vibração que torna os carris em mercúrio.

Mas nada acontece ao gato, nenhuma contracção
excepto em sua cauda. E por instantes os papeis invertem-se,

como se o combóio seguisse em frente contra o inevitável gato,
o fim da linha. O mundo ilumina-se como uma página

e o combóio como uma frase antes do ponto-parágrafo.

by Mark PAJAK (commended), in "NATIONAL POETRY COMPETITION", Winners' Anthology 2014, presented by The Poetry Society 2014

(Portuguese translated by Armando TABORDA, 2015)

(photo taken from Internet; edited by Armando TABORDA)