Neste dealbar do ano de 2012 a LASE em homenagem ao Henrique Joaquim Sabino iremos publicar mensalmente a recolha de aforismos populares por ele efectuada

DITADOS janeiro

Água de Janeiro mata o onzeiro

Água de Janeiro vale dinheiro

Chuva em Janeiro e não frio vai dar riqueza no Estio

Janeiro molhado se não cria pão cria gado

Pintainho de Janeiro vai com a mãe ao puleiro

Frango de Janeiro canta à meia noite em ponto

Ao galgo mais lebreiro foge a lebre em Janeiro

Bons dias em Janeiro enganam o homem em Fevereiro

Quem azeitona colhe antes de Janeiro azeite deixa no madeiro

Vai-te embora Janeiro, aí fica Abril e Maio

Luar de Janeiro não tem parceiro, mas lá vem Agosto que lhe dá no rosto

Em Janeiro, ao luar, se conta dinheiro

Em Janeiro pasta a lebre no lameiro e o coelho à beira do regueiro

Em Janeiro um porco ao sol e outro ao fumeiro

Em Janeiro sobe ao outeiro, se vires verdejar, põe-te a chorar, se vires terrear põe-te a cantar

Geada na lama água na cama

O sol de Janeiro sai tarde e põe-se cedo

Janeiro fora mais uma hora, mas quem , bem contar hora e meia há-de achar

Minguante de Janeiro corta madeira

Verdura de Janeiro não vai ao palheiro

Janeiro geoso, Fevereiro nevoso, Março molinhoso, Abril chuvoso e Maio ventoso fazem o ano formoso

Em Janeiro seca a ovelha no fumeiro, em Março no prado e em Abril se vai urdir

Comer laranjas em Janeiro é dar de comer ao coveiro

Em Janeiro sete casacos e um sombreiro

Quem traz calças em Janeiro ou é tolo ou não tem dinheiro

Vinte de Janeiro S. Sebastião o primeiro

Santa Margarida acuda à rapariga

Quem no Ano Novo não estreia toda a noite rabeia

Para ir bem a saca vai mal à vaca e para ir bem à vaca vai mal a saca

ADÁGIOS DE FEVEREIRO

Conforme prometido, hoje inserimos os adagios recolhidos pelo lasista Henrique Sabino, referentes ao mês de fevereiro:

Em fevereiro deixa a fonte e bebe no ribeiro

Fevereiro quente traz o Diabo no ventre

Neve em fevereiro pressagio de mau celeiro

Quando não chove em fevereiro nem prados nem centeio

Fevereiro afoga a mãe no ribeiro

Ao fevereiro e ao rapaz perdoa tudo quanto faz,contanto que fevereiro não seja secalhão e o rapaz nao seja ladrão

Para parte de fevereiro guarda a lenha no canteiro

Quando não chove em fevereiro, nem bom prado, nem bom celeiro, nem bom corno de carneiro

Em fevereiro chuva em agosto uva

Se a calendaria (2de fevereiro) rir esta o inverno para vir; se a calendaria chora está o inverno fora

Em fevereiro neve e frio, e de esperar ardor no estio

Dia de S. Brás a cegonha verás e se não a vires o inverno vem atrás

S. Brás te afogue que Deus não pode

S. Brás acude ao rapaz

Queres alhos chamarrudos, semei-os pelo entrudo

Não há entrudo sem Lua Nova, nem Pácoa sem Lua Cheia

Lã vem fevereiro que leva a ovelha e o carneiro

Fevereiro faz dia e logo Santa Maria

Aproveita fevereiro quem não folgou em janeiro

Aveia de fevereiro enche o celeiro

Em fevereiro chega-te ao lumeiro

Em fevereiro no primeiro jejuarás, no segundo guardarás, no terceiro S. Brás

Fevereiro trocou dois dias por uma tijela de papas

A castanha e o besugo em fevereiro não tem sumo

Ai vem o meu irmão março que fara o que eu não faço

Fevereiro coxo em seus dias vinte e oito

Fevereiro o mais curto e o menos cortês

Vai-te embora fevereiro que não deixaste nenhum cordeiro

Quer no começo quer no fundo em fevereiro vem o entrudo

ADÁGIOS DE MARÇO

Recolha de Henrique Sabino

Em março queima a velha o maço

Em março onde quer eu passo

Em março chove cada dia um pedaço

Em março de manhã pinga telha e à tarde sai a abelha

Em marçagão manhãs de Inverno tardes de verão

Em marçagão de manhã cara de cão, ao meio dia rainha e a noite fuinha

Água em março é pior que nodoa no pano

Quanto vale o carro e o carril (?), tanto como a chuva entre março e abril

Março chuvoso S. João farinhoso

Quando março vai ventoso sai abril chuvoso

Vento de março, chuva de abril, fazem maio florir

Março ventoso, abril chuvoso, do bom colmeal farão astroso

Inverna de março e seca de abril deixam o lavrador a pedir

O sol de março pega como pegamaço e fere como maço

Vinho de março nem vai ao cabaço

Em março nem migas nem couves nem esparto

O grão em marco nem na terra nem no saco

Temporã é a castanha que março arreganha

Nasce erva em março inda que lhe dêem com um maço

Se queres bom cabaço semeia-o em março

Março marcheia, de manhã arreganha o pastor e à tarde desenxameia

Março garço tanto durmo como faço

Em março as noites como os dias e os centeios como os matos

Março liga a noite com o dia, o Manel com a Maria e a erva com o sargaço

Água de março, quanto ao gato, molhe o rato

Quando em março arrula a perdiz teremos um ano feliz

Março virado de rabo é pior que o Diabo

Em março comecando a dar ao rabo, não fica ovelha em outeiro, nem borrego em descampado, mem pastor empelicado

Se o cuco não vem entre março e abril ou é morto ou está p'ra vir

Se a Páscoa cai em março e ano mortaca

ADÁGIOS POPULARES DE ABRIL

Recolha de Henrique Sabino

Abril, cheio o covil

Abril e maio chave do ano

Abril abrileite, o mês do ramalheite

Abril frio traz, pão e vinho

Abril frio e molhado, enche o celeiro e farta o gado

Abril ou chora ou ri

Em abril guarda o gado e vai onde tens de ir

Am abril abre a porta à vaca e deixa-a ir

Em abril àguas mil coadas por um manguil e em mais tres ou quatro

Em abril venderá El - Rei o carro e o carril

Em três de Abril o cuco há-de vir, e, se não vier até oito, ou está preso ou morto

Em tempo de cuco, pela manhã molhado, à noite enxuto

A carranca é a mãe do cuco, vem em princípio de abril e diz a maio que o seu filho está pr'a vir

No fim de abril ninguém me gabe madressilvas nem desfolhe malmequeres

Água que no verao há-de regar em abril há-de ficar

É próprio do mês de abril as águas serem mil ou "abril águas mil"

Mau é por todo o abril ver o céu descobrir

Se não chove em abril perde o lavrador o carro e o carril

Uma água de maio e três de abril valem por mil

De grão te sei contar que, em abril, nao há-de estar nada por semear

No princípio ou no fim de abril é ruim

Não há mês mais irritado do que abril zangado

Manhãs de abril, boas de andar e doces de dormir

Pelo S. Marcos bogas e saco

Altas ou baixas em abril vêm as Páscoas

ADÁGIOS POPULARES DE MAIO

Recolha de Henrique Sabino

Em maio com o sono caio, em S. João por esse chão.

" " deixa a mosca o boi e toma o asno

" " verás a água com que regaras

" " onde quer caio

" " as cerejas leva, uma a uma o gaio; em junho ao cesto e a punho.

" " ainda se comem as cerejas ao borralho.

O rocim em maio se torna cavalo

Favas, o maio as dá, o maio as leva

Enxame de maio, a quem o pedir dá-lho; mas o de abril guarda-o para ti

Quem em maio relva, nao tem pão nem erva

Quando maio chegar. quem não alhou há-de alhar

Maio come o trigo, junho bebe o vinho

Maio come o trigo, agosto bebe o vinho

Maio maiuco e o mês em que canta o cuco

Tantos dias de geada terá maio, quantos fevereiro de nevoeiro

Quem quiser mal a vizinha dê-lhe em maio sardinha e em agosto vindima

Maio faz pão e Agosto milhão

Diz maio a abril: ainda te pese me hei-de rir

Maio frio, junho quente, bom pão, vinho valente

" que não der trovoada nao dá coisa estimada

" hortelão muita palha e pouco grão

" pardo e ventoso faz o ano formoso

Quando maio chegar, quem nao arou há-de arar

Quem em maio não merenda aos finados se encomenda

ADÁGIOS POPULARES DE JUNHO

Recolha de: HENRIQUE JOAQUIM SABINO

Chuva de junho bebe o vinho e come o pão

Chuva de junho atalha vinho e não dá pão

Chuva de junho tira vinho, azeite e não dá pao

Chuva em junho mordedura de víbora

Chuva em junho peçonha do mundo

Chuva junhal fome geral

Guarda o melhor tição para a noite de S. João

No S. João semeia de gabão

Para o S. João guarda a velha o melhor tição

Galinhas de S.João pelo Natal poedeiras são

Guerra de S. João paz de rodo o ano

Se queres pão lavra pelo S. João

Pelo S. João lavra se queres ter pão

Pelo S. João lavra e terás palha e grão

Pelo S. João deve o milho cobrir o chão

Na manha de S. João berra ao pulgão

Ouriços no S. João são do tamanho dum pulgão

Porco no S. Joao meão; se meão se achar podes continuar; se mais de meão acanha a ração

Quando o vento ronda ao mar, na noite de S. João nao há verão

Quando o vento anda a bailar na noite de S. João nao há verão

S. João a S. Miguel passado, tanto manda o amo como o criado

Sardinha de S. João ja pinga no pão

Até S. João e sezão

Até S. Pedro tem o vinho medo

Junho calmoso ano formoso

Junho chuvoso, ano pereigoso

O sol de junho madruga muito

Em junho foicinha em punho

Em junho as cestas e o punho (certamente referindo-se à apanha da cereja)

Em junho vai a punho, em Agosto vai a mascoto (tiragem da cortiça)

A cada um chega sempre o seu S. João

Quando Deus não quer Stº. António nao pede

No dia de Stº. Antonio vem dormir as castanhas aos castanheiros

Em dia de S. Pedro vai ao olival, se vires um "grão" espera por um cento

Nevoeiro de S. Pedro põe em julho o vinho a medo

Dia de S. Barnabé (11/06) seca à palha o pé.



ADAGIOS POPULARES DO MES DE JULHO

Recolha de Henrique Sabino

Julho abafadiço fica a abelha no cortiço

Em julho reina o gorgulho

Não há melhor amigo que o julho com seu trigo

Julho fresco, inverno chuvoso, estio perigoso

Em julho ceifa o trigo e o debulha e, o vento soprando, o vai limpando

Julho quente e ventoso trabalha sem repouso

Aí por Sant’Ana limpa a pragana

Pelo S. Tiago na vinha acharás bago, se nao for maduro, sera inchado

Pelo S. Tiago pinta o bago

Malha pelo S. Tiago e de agrado, mas a de agosto nao da gosto


ADAGIOS POPULARES DE AGOSTO

Recolha de Henrique Sabino

Agosto e vindima nao vem cada dia mas sim cada ano, uns com ganancia outros com dano

Agosto madura, setembro vindima

Agosto nos farta, agosto nos mata

Agua de agosto, acafrao, mel e mosto

Cava e esterca de agosto ao lavrador alegra o rosto

Corre o ano como for, haja em agosto e setembro calor

Couves em agosto, tumba a porta

Em agosto aguilhoa o preguicoso e se cuidadoso

Em agosto da o sol pelo rosto

Quando chove em agosto, chove mel e mosto

Trovoadas em agosto abundancia de uva e mosto

Quem se casa em agosto nao junta dinheiro

Quem nao debulha em agosto debulha com mau gosto

Nao e bom mosto o colhido em agosto

Em agosto apanha a marcela que livra da botica o uso dela

Agosto madura, setembro derruba e outubro seca tudo

Em agosto passa o frio pelo rosto

Em agosto todo o fruto tem seu gosto

Em agosto nao metas o teu dinheito em mosto

No dia de S. Lourenco vai a vinha e enche o lenco

Chuva fina pelo Santo Agostinho (28/08) e como se chovesse vinho

Os nabos querem ver o luar de agosto

O que tapa o frio tapa o calor

ADÁGIOS DE SETEMBRO

" Recolha de Henrique Sabino "

Lua Nova trovejada trinta dias e molhada e se for a de setembro, ate março ira chovendo

Lua Nova setembrina sete meses determina

Do vinho e da parra este setembro ninguem agarra

Se em setembro ardem os montes secam-se as fontes

Em setembro planta, colhe e cava que e mes para tudo

Se por acaso, em setembro, a cigarra canta nao compres trigo para o vires a guardar

Quando nao chove depois de S. Mateus e por milagre de Deus

Aguas verdadeiras, pelo S. Mateus as primeiras

Pelo S. Mateus nao peças chuva a Deus

Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes

Setembro e o maio de outubro

Vindima molhada, pipa depressa despejada

Setembro molhado figo estragado

Setembro colhendo e comendo

Para boas colheitas pede bom tempo a Deus nas tempôras de S. Mateus

Pelo S. Mateus pega nos bois e lavra com Deus

Pelo S. Mateus vindimam os sisudos e semeiam os sandeus



ADÁGIOS POPULARES DE OUTUBRO

" Recolha de Henrique Sabino "

Outubro seca tudo

Outubro chuvoso faz o lavrador venturoso

Outubro suao negaças de verão

Outubro quente traz o diabo no ventre

Logo que outubro venha procura lenha

Quando outubro for erveiro, guarda para março o palheiro

Com a vinha em outubro come a cabra, engorda o boi e ganha o dono

Por S. Francisco (4/10) semeia o teu trigo e a velha que isto dizia semeado o tinha

Santa Margarida (17/10) acuda a rapariga

Ai por S. Lucas (18/10) bem sabem as uvas

Por S. Lucas mata os teus porcos e tapa as tuas cubas

Por S. Lucas os dias decrescem o salto de uma pulga

Pelo S. Vicente (26/10) toda a agua e quente

Andar marinheiro andar, não te apanhe o S. Simão (28/10)

ADÁGIOS POPULARES DE NOVEMBRO
" Recolha de Henrique Sabino "

Cava fundo em novembro para plantares em janeiro
Novembro semear
Se em novembro ouvires trovão o ano que vem é bom
Tudo em novembro guardado ou em casa ou enterrado
Em novembro chuva e frio e o sol deia o resto
Dos Santos ao Natal o Inverno é natural
Dos Santos ao Natal ou bem chover ou bem nevar
Dos Santos ao Natal perde a padeira o cabedal
Dos Santos ao Natal cada dia mais mal
Santos neve pelos cantos
De Todos os Santos ao Advento nem muita chuva nem muito vento
Dia de São Martinho lume, castanhas e vinho
Dia de São Martinho fura o teu pipinho
Dia de São Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho
Pelo São Martinho abatoca o teu vinho
Pelo São Martinho mata o teu porquinho e planta o teu cebolinho
Pelo São Martinho mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e bebe o teu vinho
Pelo São Martinho bebe o vinho e deixa a água para o moinho
Pelo São Martinho todo o mosto é bom vinho
No dia de Dão Martinho vai à adega e prova o vinho
Queres pasmar o teu vizinho(?) lavra, sacha e esterca o campo no S. Martinho
Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho
A cada bacorinho um seu S. Martinho
Para que o ano não corra mal hão-de encher os rios três vezes entre o S, Martinho e o Natal.


ADÁGIOS POPULARES DE DEZEMBRO

" Recolha de Henrique Sabino "

Dezembro, com junho ao desafio, traz janeiro frio
Se queres bom alhal semeia-o pelo Natal
Dezembro quer lenha no lar e pichel a andar
Em dezembro descansa, em janeiro trabalha
Em dezembro a uma lebre galgo cento
Em dezembro descansa mas não durmas
Em dezembro mata o porquinho, em janeiro prova o toucinho, em fevereiro, prova o fumeiro.
Pela Conceição (08/12) de galinhas um quarteirão
Em dia de Santa Luzia (13/12) ainda cresce a noite e mingua o dia
Tudo vem a seu tempo e os nabos pelo Advento
Pelo Natal se houver luar, senta-te no lar, se houver escuro, semeia outeiros e tudo
Ande o frio por onde andar no Natal cá vem parar
Caimdo o Natal à Segunda-feira tem que o lavrador alugar a eira
Natal à 6ª.feira por onde puderes semeia, se ao Domingo vende os bois e compra trigo
Natal no lar, Páscoa na praça e Espírito Santo no campo
Natal ao soalhar, Páscoa à roda do lar
Natasl ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso
Natal na rua, Páscoa em Casa ou Natal em casa, Páscoa na praça
Mal vai Portugal se não houver três cheias antes do Natal
Depois que o Menino nasceu tudo cresceu
Até ao fim do Natal crescem os dias um saltinho de pardal
Os dias de Natal são saltos de pardal
De Natal ao Entrudo come-se capital e tudo
Entre Menino e S.Tomé três dias é
Noite de NAtal estrelado dá alegria ao rico e promete fartura ao pobre
Pelo NAtal bico de pardal
Não há ano afinal que não tenha o seu Natal
Em dia de S. Silvestre (31/12) não comas bacalhau que é peste.